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20 de julho de 2015

Da sua ausência

Foto: Tumblr
Sonhei com você de novo. Logo você, que nunca foi a mulher dos meus sonhos, tem invadido meu quarto, meu travesseiro e meus pensamentos já há um incontável número de dias.
   
Isso me faz lembrar das duas únicas noites em que dividimos um mesmo colchão. Eu me distraía com qualquer coisa no celular enquanto você me fitava no escuro, com os olhos semicerrados de sono. Não adiantava. Você queria um colo que eu nem pensava em te dar, e hoje acho que talvez tenha sido esse o motivo que te fazia acordar e ir embora, me deixando sozinho numa cama que não me trazia conforto algum.
   
Agora percebo que o conforto emanava de você, e não havia lugar melhor pra me sentir renovado do que o seu abraço. Sei disso porque provei vários, e não só os seus, mas tudo que vinha de você me trazia paz.
   
Não houve uma só vez em que acordei da sua lembrança sem procurar por vestígios seus, e no meu quarto tem muitos. O seu caderno, que me faz pensar que ainda habito seus pensamentos mais distantes. A nossa foto, que me lembra que o meu lugar preferido do mundo é onde nos vimos pela primeira vez. Os seus textos, seus desenhos, suas tentativas de me ligar a você de algum modo que não funcionou. Até aquela minha blusa que você sempre quis e eu nunca considerei te dar, apesar de você ter ficado muito bem nela em todas as vezes que a imaginei te vestindo.
   
Cada hora passada com você me fazia querer estar vivo e te guardar no meu pensamento. Mas a cada adeus eu me sentia livre por dispensar qualquer tipo de compromisso e, ainda assim, ver você retornar a todos os meus chamados.
   
Sempre nos despedimos na incerteza, até o dia em que nem isso fizemos. Você simplesmente foi embora, engoliu em silêncio a dor e a exaustão de um amor cheio de mágoas e voou pra longe. Passaram dias, passaram semanas, passou um mês. A sua ausência já fazia um silêncio que eu sempre pensei ser capaz de suportar. Mas eu não fui. Eu não sou. Não sei sentir a falta de alguém que eu tinha certeza que jamais me deixaria. E esse foi o meu erro. Achar que, de todas as pessoas que já passaram por aqui, logo você iria ficar.
   
Eu sinto muito por não ter sentido o mesmo que você. Sinto muito por ter olhado nos seus olhos calmos e dito, inquieto, que devíamos continuar sendo amigos. Sinto muito por te dar tantos indícios que no fim não significavam nada pra mim, ao passo que significavam o mundo pra você, que sempre disse que tudo acontece por uma razão. Hoje, depois de acordar, me perguntei qual seria a nossa. Um envolvimento que não era pra ser e foi. Um sentimento que deveria caber, mas não coube. Uma vida que dá tantas voltas que te levou de volta a um lugar em que eu não estou, onde você deve estar pensando em como tudo tropeça, mas vai bem, com aquele seu otimismo incrível que despertava meu lado mais incrédulo. E eu queria ter raiva do seu jeito de sorrir tranquila, mas nem isso eu tenho. Tudo que me restou foi um desejo desesperado de te encontrar na rua e dizer que eu voltaria pro seu peito, se você quisesse. Ruim é pensar que você talvez não queira, não mais. E pior ainda é saber que a causa sou eu, que sempre coloquei a culpa de tudo em você.

De todas as coisas que você me ensinou, essa tem sido a mais difícil de aprender. Mas vou continuar sonhando que um dia você vai voltar atrás como me fez voltar, quando vi que você era, sim, a mulher dos meus sonhos. 


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